terça-feira, 24 de maio de 2011

Arroz e feijão são importantes para alimentar o cidadão, todavia sua dieta alimentar também passa pela educação.




Entendemos que : Não só de "arroz" e "feijão" se alimenta os atores na escola para construção de uma boa educação. Assim como preparar os discentes para os exames não significa prepará-los para solucionar os problemas cotidianos, tampouco traduz em respostas para uma vida plena, independente dos oráculos.

Por isso, lançamos nossos bits e apostamos nossos dígitos (0 e 1) nesse jogo da vida.

Antecipo que o propósito aqui não é somente lançar nossos tentáculos e abraçar as metáforas, tampouco nos eximir do compromisso com uma seleção, sem a preocupação em alimentar aos oráculos.

Como pilares dessa construção inicialmente adotamos uma prática e uma vivência, do educador Célestin Feinet descrita em palavras no livro Pedagogia do Bom Senso, cujo propósito é o de contribuir para uma reflexão sobre as bem vindas avaliações e seus contextos.

Freinet, Célestin, Pedagogia do Bom Senso; tradução J. Baptista.7a ed. - São Paulo: Martins Fontes, 2004.

Pretendemos com a publicação dos textos possibilitar ao educador|leitor um ponto de reflexão e possíveis comentários a serem compartilhados nesse Ambiente de Aprendizagens Digital.

Uma pedagogia de bom senso

Você vai procurar bem longe os elementos de base da sua pedagogia. Para isso são necessárias considerações intelectuais e vocábulos herméticos, cujo segredo só os universitários possuem. E é tradição referir-se a Rabelais, Montaigne e J. J. Rousseau, para só falar dos pensadores cuja reputação é, há muito, inatacável.

Mas você tem certeza de que a maior parte dessas idéias que os intelectuais julgam ter descoberto não correm desde sempre entre o povo, e de que não foi o erro escolástico que lhes minimizou e deformou a essência, para monopolizá-la e subjugá-la?

Veja então como, entre o povo, são tratados e educados os pequenos animais: você encontrará aí a origem dos grandes princípios educativos aos quais estamos voltando lentamente, quase que de má vontade...

Nada de aprendizagem prematura, dirá o caçador. O cão novo demais se cansa e se desencoraja. As suas reações e o seu faro correm o risco de ficar perturbados para sempre.

Está certo que o cão tem que caçar para se formar, mas não demais ao sabor do seu capricho. A caça é uma coisa séria, para a qual o cão novo será treinado em companhia de cães excelentes, tendo apenas que seguir o exemplo deles.

Apetite e motivação: se você enche o seu cão de petiscos que não lhe são específicos, se fica gordo e cevado, por que você quer que ele cace?

E quando a lebre for apanhada não bastará pô-la logo na bolsa de caça. Há toda uma arte do caçador para satisfazer o cão, deixando-o mordiscar o animal morto, mas limitando sua satisfação para fazê-lo compreender que não deve ser o único a aproveitar da pechincha.

Nunca se deve bater nos animais novos. Deixe-os ou faça com que sejam castigados por outra pessoa, se necessário; mas nunca será pelo medo que você alcançará seus fins.

E os apicultores lhe dirão: nada de gestos bruscos que despertam as reações de defesa dos animais com que você lida— confiança, bondade, ajuda e decisão.

E eu lhe digo que, se fôssemos procurar assim, na tradição popular, as práticas milenares do comportamento dos homens na educação dos animais, estaríamos em condições de escrever o mais simples e o mais seguro de todos os tratados de pedagogia. (Freinet, pág. 11)

(Na próxima semana continuaremos proporcionando um novo trecho da obra, sem necessariamente na sequencia linear , até porque a obra não o é0).

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